sábado, 1 de maio de 2010

A WebQuest: evolução e reflexo na formação e na investigação em Portugal



Criadas há pouco mais de dez anos, as WebQuests têm sofrido uma evolução que se reflecte por um lado, na nomenclatura dos componentes da WebQuest e, por outro lado, nas orientações sobre como conceber e avaliar a tarefa e como estruturar o processo. A tarefa é a componente mais importante da WebQuest.



A Webquest tem vindo a ser integrada na formação inicial e continua dos professores, o que contribui para uma mais valia, visto que implica para além do domínio de determinado tema ou conteúdo, a combinação de três vertentes:




1) A pesquisa de recursos essencialmente pesquisa online, que têm também subjacente a avaliação e selecção da informação;



2) Repensar a aprendizagem como construção e como pensamento de nível elevado: perspectivar a aprendizagem como um desafio – a tarefa implica capacidade de análise e síntese, de colaboração entre os elementos do grupo, de gestão da aprendizagem, de tomada de decisão e de criatividade na solução a apresentar. Estes aspectos são importantes visto que sustentam as explicitações das etapas a seguir, proporcionando ao aluno apoio e orientação no trabalho a desenvolver.



3) Utilizar a tecnologia: a WebQuest, depois de estruturada, tem de ser implementada e disponibilizada online. Durante a fase de implementação é necessário que sejam respeitados os princípios de usabilidade, para que o produto final seja agradável para os seus destinatários e fácil de navegar.




Limitar uma WebQuest a uma pesquisa orientada na Web é retirar-lhe a sua essência. Algumas WebQuest limitam-se a propor um trabalho com apontadores para sites, centram-se em conhecimento factual, apresentam questões cuja resposta se baseia em colar a informação da Web.



A grande diferença entre WebQuest e a Caça ao Tesouro, reside não só na maior complexidade da WebQuest, incluindo a avaliação e o processo, mas sobretudo na tarefa solicitada, que deve ser uma questão de resposta aberta.



A WebQuest promove a motivação do aluno, o pensamento crítico, a aprendizagem cooperativa e o desempenho de diferentes papéis centrando-se em fontes e em tarefas autênticas. As tarefas devem ser autênticas e desafiantes, facilitadoras de aprendizagem individual e em grupo. Em cada área disciplinar e transdisciplinar, identificar temas e conteúdos que tenham vantagem em ser abordados através de uma WebQuest, tendo sempre presente não só os produtos finais mas também as reacções dos alunos.




Evolução dos componentes das WebQuest




Consideram-se três fases na evolução da WebQuest. O modelo, introdução, tarefa, processo, recursos, avaliação e conclusão foi a que mais se popularizou.

A terceira fase da WebQuest caracterizou-se por apresentar:



Uma introdução – que cria o ambiente e contextualiza a temática.


Uma tarefa – deve ser executável e interessante e ao mesmo tempo envolvente. A tarefa mostra o que os alunos vão ter de apresentar como produto ou desempenho final. As etapas para o conseguir são apresentadas no processo. A tarefa deve solicitar a análise, síntese, avaliação, julgamento, resolução de problemas ou criatividade, em vez de reprodução de factos. A formulação da tarefa é a essência da WebQuest.



O processo – deve apresentar claramente as etapas a seguir, as fontes a consultar e as ferramentas para organizar a informação.



A avaliação – deve especificar os critérios para o desempenho e para o conteúdo (produto final). É igualmente importante especificar se há uma avaliação para o grupo e outra individual.



A conclusão – resume o que os alunos alcançaram ou aprenderam e deve também colocar algumas questões retóricas ou encorajar os alunos para outros temas, disponibilizando apontadores para outros sites.

Deve também apresentar informação para o professo ou página do professor mas esta não deve aparecer no menu. Nesta terceira fase Dodge eliminou dos componentes os recursos integrando-os no processo e inclui a página do professor. Deste modo facilita o trabalho a ser desenvolvido pelo aluno, dado que este não precisa de ir para outra página consulta-los. A página do professor deve aparecer na página inicial e não no menu, pois este só deve conter páginas que são específicas para o aluno.



A página do professor deve estar na página inicial e ser identificada com a expressão “Para o Professor”, que vai estar ligada a uma página com informação que ajude outro docente que queira utilizar essa WebQuest nas suas aulas. No menu deve ser disponibilizada a ajuda, para o aluno, deve conter uma explicação sobre a WebQuest e qualquer outro esclarecimento que seja relevante.



A WebQuest na Formação




Na formação inicial e contínua de professores tem um papel importante na introdução de novos conteúdos e promove a sensibilização para novas abordagens que devem ser integradas nas aulas. Construir uma WebQuest durante a formação inicial e contínua de professores é um elemento útil, por tudo aquilo que a sua construção implica. Ajuda os professores e futuros professores a repensarem na aprendizagem e os princípios pedagógicos a implementar para orientar os alunos pelas diferentes etapas até a solução da tarefa.
É necessário possuir conhecimentos na área da tecnologia para implementar e disponibilizar a WebQuest online.




Uma WebQuest bem concebida deve respeitar os quatro componentes do modelo proposto por Keller e mencionados por Marcl(2003):



1) A actividade capta a atenção dos alunos?



2) É relevante para os seus interesses e motivações?



3) Os alunos sentem confiança no apoio disponibilizado?



4) Sentem satisfação perante a missão cumprida com sucesso.




As WebQuest são perspectivadas como oportunidade para os professores desenvolverem algumas competências profissionais, as que estão relacionadas com: a concepção de materiais e a modelação da aprendizagem na Internet; facilitação da comunicação interpessoal; organização, promoção e gestão do trabalho colaborativo; a avaliação e divulgação das aprendizagens.



A solução da tarefa da WebQuest não pode resultar de copiar e colar informação dos sites. A WebQuest não é uma solução para todos os problemas de ensino, mas pode ser facilitadora da mudança, dado que coloca os professores perante desafios decorrentes sobretudo da necessidade de exploração do potencial pedagógico da Internet. O segredo da WebQuest depende da temática da tarefa e da orientação no processo.



A tarefa deve envolver os alunos em questões complexas que os obriguem a ir para além da informação disponibilizada. Deste modo teremos verdadeiras WebQuest que fomentem o pensamento crítico e o pensamento de nível avançado. As WebQuest não têm que ficar centradas no formato de texto, podem-se colocar vídeos, anúncios e jogos, deste modo rentabiliza-se os recursos que temos para motivar os alunos a aprenderem.





Fonte: Carvalho, A. A. (2007). A WebQuest: evolução e reflexo na formação e na investigação em Portugal. In F. Costa, H. Peralta & S. Viseu (eds), As TIC na Educação em Portugal: Concepções e Práticas. Porto: Porto Editora, 299-327.

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